Trabalhar com aulas em vídeo oferece algumas vantagens para o professor e para a turma. A primeira delas é a quebra da barreira de espaço e tempo do contexto analógico. É possível se conectar com sua turma mesmo em um cenário de isolamento como o atual ou em momentos diferentes para cada pessoa envolvida. A segunda é o aumento de possibilidades para deixar as aulas mais completas. Em um vídeo o professor pode usar recursos como imagens, áudios, animações, trechos de vídeos, além de poder contar com a participação de outras pessoas para construir a aula. Também importante destacar uma terceira vantagem, que é a praticidade de trabalhar metodologias ativas que, algumas vezes, têm barreiras estruturais para a implantação na sala de aula, como a sala de aula invertida.

As aulas em vídeo podem ser trabalhadas em duas modalidades: síncrona, quando ocorre ao vivo, ou assíncrona, quando é gravada e os alunos assistem individualmente. As duas formas podem (e devem) ser combinadas para aproveitar o melhor de cada uma e potencializar o aprendizado.

Utilizando aulas síncronas o professor conduz e apoia os alunos, pode promover debates, participação mais ativa e tirar dúvidas. Já com o recurso de gravação, o professor pode otimizar a rotina, usar dos recursos de edição dos vídeos para deixar o conteúdo mais sucinto, usar recursos para ilustrar o que é apresentado e pode, inclusive, dividir os vídeos por níveis, para que cada aluno possa seguir no seu tempo de aprendizagem.

Para obter bons resultados trabalhando dessa forma, é importante que o professor entenda que uma aula online ou em vídeo será diferente da aula presencial e, portanto, ele não poderá usar exatamente o que tinha planejado para a sala de aula física quando estiver no cenário digital. Será necessário um esforço de "replanejamento" que também será positivo para deixar a aula mais atraente para os alunos.

O que fazer na preparação de uma aula em vídeo?

É necessário pensar no ambiente de transmissão ou gravação, na qualidade de áudio e imagem, na própria edição do material e no roteiro da aula. Algumas dicas práticas para os professores nesse momento, são as seguintes:

- Utilizar sempre um microfone e fones de ouvido. Pode ser um modelo simples, como os de celular;

- Ter atenção à luz para que o ambiente esteja bem iluminado e “limpo”. Trocar a lâmpada do ambiente por uma mais potente ou usar um abajur podem ser boas estratégias;

- Buscar um local silencioso para fazer a transmissão/gravação e informar às pessoas da casa que esse momento ocorrerá, evitando interrupções;

- Evitar elementos que possam desviar a atenção dos alunos e o foco principal da aula (salvo casos em que isso faça parte do próprio roteiro);

- Utilizar um programa de edição para cortar “erros de gravação” e possíveis pausas ou vazios, antes de disponibilizar os vídeos gravados;

- Estruturar um roteiro para a aula, que contenha início, onde deixa claro o tema da aula, desenvolvimento e conclusão, onde o professor poderá guiar os alunos para os próximos passos, como por exemplo realizar uma atividade;

- Realizar um ensaio e teste dos equipamentos e recursos que serão utilizados, tanto para as gravações quanto para as aulas síncronas; 

E quando estiver transmitindo uma aula síncrona, ao vivo, a que o professor deve se atentar?

Durante a aula a atenção do professor será dividida no desenvolvimento da aula em si e nos alunos. Dependendo da plataforma que utilizar, o professor terá recursos que para interagir com os alunos.

No caso do Plurall, com o Google Meet, ele tem acesso ao chat que permite que os alunos escrevam dúvidas e comentários sem precisar interromper a aula.

É importante que as regras para a sala de aula online sejam definidas e fique claro para os alunos o que é esperado deles, por exemplo, manter o microfone sempre desativado e só habilitá-lo quando o professor conceder a palavra, ou abrir o microfone para solicitar uma participação na aula. Também é importante estabelecer combinados com os alunos sobre o uso da câmera, compartilhamento de tela e quaisquer outros recursos que a plataforma oferecer.

Uma boa dica que tem funcionado em muitas escolas é a definição de um aluno para auxiliar o professor na aula síncrona ficando atento ao chat. Esse aluno acompanha o que os colegas estão comentando e questionando. Quando há necessidade ele abre o microfone e pede espaço para o professor. A escolha desse aluno pode ser um reconhecimento por boa participação, pode ser uma forma de explorar habilidades de liderança dos alunos, pode ser um estímulo para um aluno que está desatento e também ser um revezamento, para que vários tenham a chance de participar.

Outro ponto essencial para as aulas síncronas é trabalhar o comportamento e respeito dos alunos ao momento da aula. O professor precisará aplicar as medidas que já utiliza em sala de aula quando se deparar com atitudes inadequadas, “bagunça” ou desrespeito às regras da sala de aula digital. Esse é um momento propício para os professores trabalharem mais intensamente algumas competências da BNCC, como a Cultura digital (competência 5), Responsabilidade e cidadania (competência 10) e Empatia e cooperação (competência 9).

Existe um programa do próprio Google para explorar a Cidadania Digital com as crianças e torná-las "incríveis na internet". Conheça o material e o jogo disponível clicando neste link.

 Quais passos são importantes após as aulas em vídeo?

Existem dois fatores que precisarão ser constantemente avaliados com a utilização das aulas remotas: o engajamento dos alunos com esse modelo de aula e a efetividade pedagógica do que está sendo proposto, ou seja, entender se os alunos estão realmente aprendendo.

Para avaliar o engajamento o professor pode pedir o feedback dos alunos após as aulas, perguntar à turma o que acharam ou escolher alguns alunos para conversar um pouco mais a fundo sobre o modelo, sempre buscando captar ideias de como melhorar e tornar as aulas mais atrativas. O professor também pode estruturar uma “mini pesquisa”, utilizando um questionário, onde os alunos podem avaliar alguns elementos, como a duração das aulas, a clareza sobre as explicações, a qualidade da imagem, do áudio e a interação entre a turma e o professor. Outra fonte de informação sobre o engajamento dos alunos são os próprios dados de participação nas aulas que devem ser registrados pelo professor, como presença e atrasos.

Para avaliar se as aulas estão sendo efetivas o professor poderá utilizar os métodos de avaliação que já está acostumado e também explorar novos métodos que podem ser mais adequados ao formato online, como elaboração de resenhas e mapas mentais, seminários para a turma ou projetos em que os alunos apresentam o que aprenderam de forma ativa.

Após entender esses fatores, o professor precisará ir "corrigindo a rota". É importante usar essas informações, trocar experiências com outros professores e usar o apoio da coordenação para entender como melhorar as aulas e potencializar o aprendizado dos alunos.

 

O cenário da escola em março de 2020 foi, sem dúvidas, assustador! O mesmo aconteceu em diversos outros setores da economia. Mas existe um outro olhar muito importante no momento que é pensarmos em como as grandes mudanças e revoluções sempre assustam. Não há mudança sem esforço e sem dor.

Os desafios que os professores têm vencido juntamente com seus alunos são capazes de promover mudanças efetivas na educação. O uso mais constante de metodologias ativas e da tecnologia em sala de aula pode promover mais envolvimento dos estudantes e fazer com o que o professor tenha mais sucesso em sua jornada. É de se esperar que 2020 irá marcar a educação e iniciar uma nova era, onde os professores passarão a ser como os alunos: nativos digitais!