Já ouviu falar de Comunicação Não Violenta (CNV), mas ficou com dúvida sobre o que ela realmente significa?
No artigo de hoje vamos explicar melhor como ela funciona. Mais do que um “jeito correto” de se expressar, o foco da CNV é tornar a nossa comunicação mais empática. Ela nos incentiva a ouvir e falar de maneira mais consciente.
Afinal, com uma comunicação presente, focada em nos entender e também em compreender as emoções do outro é possível estabelecer relações mais saudáveis em diversos âmbitos da nossa vida.
Continue a leitura para saber mais sobre CNV, como colocá-la em prática e as vantagens que ela traz para a vida cotidiana.
O que é Comunicação Não Violenta?
A Comunicação Não Violenta (também conhecida como CNV ou comunicação empática) é uma prática que procura gerar relações interpessoais mais colaborativas buscando alcançar uma maior compreensão entre os envolvidos.
Pode parecer banal, mas nem sempre escutamos e respondemos com presença. Na correria do dia a dia, por vezes nos comunicamos de maneira automatizada.
Levando isso em consideração, o psicólogo Marshall Rosenberg desenvolveu a CNV ao perceber o papel determinante que a linguagem possui na nossa capacidade de manter uma atitude amistosa ou de adotar uma postura violenta. Ele passou então a investigar como as palavras conseguem moldar o nosso comportamento.
No livro “Comunicação Não- Violenta: técnicas para aprimorar seus relacionamentos pessoais e professionais” ele sistematiza os padrões de linguagem que nos conecta uns com os outros e aqueles que nos afastam. A partir deles, podemos compreender melhor como nos comunicar de maneira mais positiva.
O psicólogo defende que com a CNV as interações acontecem com mais empatia, respeito e atenção porque se substitui um modelo de comunicação mecânica, apressada, no automático, pela escuta ativa. Então, o que as pessoas têm a dizer passa a ser ouvido com profundidade, permitindo que consigamos nos expressar melhor.
Quais são os 4 componentes da CNV?
De acordo com Rosenberg para que a Comunicação Não Violenta funcione é preciso que as pessoas foquem em 4 componentes que devem nortear a forma de se comunicar. São eles:
1-Observação
De início é preciso entender o que está acontecendo. O objetivo é compreender melhor a mensagem que lemos, ouvimos ou percebemos através de determinada ação. Para isso é necessário separar o que foi dito dos sentimentos que aquelas palavras despertam. Ou seja, ao invés de julgar deve-se buscar entender a situação.
Julgamentos fazem parte da nossa vida, mas ao verbalizá-los no “calor da emoção” é provável que o outro se coloque na defensiva e pare de nos ouvir atentamente. Sendo assim, durante a comunicação é benéfico expor a situação sem emitir juízos de valor sobre ela.
2-Sentimento
Demonstrar nossos sentimentos, sem medo de mostrar as vulnerabilidades que possuímos nos aproxima do outro.
Identificar o que estamos sentidos e nos permitir partilhar isso com o outro faz com que as interações sejam mais profundas. As pessoas não podem adivinhar as emoções que nos atravessam sem que expressemos como o que está ocorrendo nos afeta.
3-Necessidade
Rosenberg afirma que existem necessidades humanas universais e que elas motivam nossas ações, falas ou escolhas.
Ter isso em mente facilita em momentos difíceis tentar encontrar o que nos conecta enquanto grupo. Procurando achar na fala do outro pontos de aproximação com as necessidades que carregamos dentro de nós mesmos. Assim, conseguimos entender o que motivou a pessoa a agir de determinada forma.
Por exemplo, quando uma pessoa fica brava porque você a interrompeu quando estava falando e te trata com rispidez, a insatisfação vem da necessidade de ser ouvida que naquele momento foi desrespeitada. Todos queremos ser escutados, então ao notar que essa é a causa do sentimento é mais fácil pedir desculpas honestas.
4-Pedido
É a forma como desejamos que as nossas necessidades sejam atendidas. Ao fazer um pedido damos oportunidade para que o outro colabore com algo que é importante para a gente.
Por isso é fundamental ser claro e específico na hora de pedir alguma coisa. Quanto mais explicativo formos mais será fácil para que as pessoas consigam compreender completamente o que desejamos.
Não devemos ter medo de dizer o que queremos, pois esse é o único caminho para que o outro possa descobrir como nos ajudar.
As maiores vantagens da CNV:
Usar a CNV nas interações do dia a dia trazem vários benefícios para as relações interpessoais. Através dela é possível cultivar relacionamentos saudáveis, os principais destaques são:
-maior facilidade para resolver conflitos;
-ter relações mais profundas;
-entender melhor nossos sentimentos e o das pessoas ao nosso redor;
-agir de modo mais empático;
-conseguir se expressar de forma positiva;
-desenvolver a capacidade de escutar ativamente;
-aprender a controlar a impulsividade na fala/escrita.
Como praticar a Comunicação Não Violenta:
Agora que você já sabe melhor como a CNV funciona e os benefícios da aplicação dela, é hora de praticar!
Não existe uma receita mágica para implementar a Comunicação Não Violenta nas relações. A base é se guiar pelos 4 componentes da CNV, procurando orientar as interações por eles.
Para Rosenberg , as 3 áreas principais de aplicação da CNV, são: expressão honesta, autoconexão e empatia. É fundamental entender qual o seu principal objetivo para conseguir trabalhar nele com consciência.
Expressão Honesta
Essa área é centrada em conseguir demonstrar de forma honesta o que sentimentos, nossos desejos e o que queremos pedir. Estabelecer uma comunicação clara para que possamos ser compreendidos.
Autoconexão
A meta nesse caso é se entender a si mesmo. Perceber como a fala e ações das outras pessoas te afetam. Compreender melhor os próprios sentimentos é fundamental para se relacionar melhor com os outros.
Empatia
O foco é ouvir e falar de maneira mais empática. Levando em consideração a experiência das pessoas, procurando não emitir juízos de valor, objetivando ter interações mais acolhedoras.
Sabendo exatamente a área que deseja desenvolver e com os 4 componentes em mente é o momento de incluir em todas as comunicações que permeiam a sua rotina os princípios da Comunicação Não Violenta.