Permitir que crianças e jovens possam se desenvolver em segurança é tarefa de toda a sociedade. Por isso, devemos construir os espaços coletivos de modo que seja possível para eles viverem todas as experiências típicas dessas fases sem correr nenhum perigo.

Já abordamos aqui no blog conteúdos sobre bullying, violência nas escolas e os perigos da internet. Agora, viemos trazer outro tema que requer muita atenção dos adultos, pois, às vezes, passa desapercebido, afinal acontece no ambiente digital: o cyberbullying.

Nesse artigo, vamos explicar o que é cyberbullying, como ele afeta as crianças e compartilhar dicas do que pode ser feito para proteger os mais jovens.  

O que é cyberbullying?

O cyberbullying é a prática de difamação, humilhação, intimidação, perseguição ou ameaça à integridade que ocorre sistematicamente através da internet. O prefixo cyber (oriundo da palavra cybernetic) indica que a agressão acontece virtualmente, já o sufixo ing é utilizado porque essa é uma prática que se repete com constância.  

Ou seja, essa violência ocorre majoritariamente nas redes sociais e em aplicativos de troca de mensagem.

A situação de hiperconexão da sociedade atual, levou para o ambiente digital práticas violentas que anteriormente aconteciam apenas no “mundo real”. Como é mais difícil para família e profissionais da educação acompanhar o que os jovens fazem nesses espaços, muitas vezes a situação de violência se perpetua por bastante tempo sem que os adultos tenham ciência do que está ocorrendo.

Números sobre o cyberbullying no Brasil

A intimidação virtual está bastante presente na vida das crianças brasileiras. Os dados obtidos através da pesquisa realizada pela Intel Security, que entrevistou mais de 500 jovens entre 8 e 16 anos, mostram que como vítima ou agressor, a maioria dos entrevistados já teve contato com esse tipo de violência.  

Informações relevantes trazidas pelo estudo:

- 66% das crianças presenciaram algum tipo de intimidação virtual.

-21% afirmaram que foram vítimas de cyberbullying em algum momento de suas vidas.

- 24% assumiram que já praticaram cyberbullying.  

-14% contam já ter zombado de alguém por causa da aparência física.

-7% dizem que marcaram colegas em fotos vexatórias nas redes sociais.

-3% confessaram que ameaçaram outros jovens virtualmente.

Conversar com seu filho sobre esse tema é de extrema importância para incentivá-lo a apoiar quem está sendo intimidado, reportando o ocorrido para adultos responsáveis (na família ou na escola) para que aqueles que praticam essas agressões sejam rapidamente identificados e responsabilizados.

O silêncio de quem presencia a agressão, mas não está diretamente ligado a ela acaba por “proteger” quem faz as intimidações. Então, criar um canal de comunicação em que as crianças se sintam confortáveis para relatar o cyberbullying é primordial.

Mesmo ocorrendo na internet, o que pode dar uma sensação de anonimato, essas situações podem ser identificadas, gerando consequências até mesmo legais para quem humilha ou ameaça uma pessoa no ambiente digital. Existem diversas delegacias especializadas em tratar dessas práticas espalhadas por todo o país.

Em casos mais graves, não hesite em procurar o órgão legal responsável por investigar e punir crimes cibernéticos.  

Violência psicológica é tão grave quanto a física!

O fato da perseguição acontecer na internet não significa que o cyberbullying é menos prejudicial para a saúde mental das crianças e adolescentes do que o bullying tradicional.  

Pelo contrário, como estamos o tempo todo tendo contato com as redes sociais, a violência psicológica a qual a vítima é submetida não tem pausa. O jovem pode estar sendo agredido durante todo o dia, afinal não existem barreiras físicas para protegê-lo.

Nem mesmo em casa com a família a criança está livre. Enquanto ela janta, brinca ou assiste tv as mensagens ofensivas podem estar chegando no seu celular.

Formas de cyberbullying:

O cyberbullying pode ser praticado de variadas maneiras. Algumas delas são:

-apelidos ofensivos;

-comentários vexatórios nas redes socias;

-utilizar grupos de troca de mensagem para publicar ofensas;

-envio de mensagens anônimas com conteúdo inapropriado;

-exposição indevida da imagem da criança;

-divulgação de foto ou vídeo do jovem sem o consentimento dele;

-criação de mentiras sobre a criança;

-falas negativa sobre aparência física;

-ameaças a integridade física do adolescente ou da sua família;

-chantagem.

Além de ser extremamente danoso para o psicológico da criança, é importante frisar que mesmo que se inicie na internet, as agressões podem se transferir para ambientes reais. Por esse motivo é preciso identificar e parar a violência o quanto antes.

Somente com intervenção e posterior responsabilização dos culpados é possível proteger os jovens, garantindo que os espaços virtuais sejam mais seguros.  


Sinais de que a criança pode estar sendo vítima de cyberbullying:

Ser vítima de violência psicológica pode afetar a pessoa de variadas formas. Principalmente no caso das crianças, cada uma pode reagir de determinada maneira. Algumas tendem a ficar mais quietas, já outras passam a adotar uma personalidade mais reativa.  

É difícil estabelecer regras claras que indiquem a existência de cyberbullying no “universo” em que o jovem está inserido, mas é possível notar através de comportamentos atípicos que algo o está perturbando.

Características que devem acender o sinal vermelho para a família são:

- apresentar comportamento mais introspectivo do que o normal;

-afastar-se dos colegas;

-demonstrar baixa autoestima;

-queixar-se constantemente de alguma característica física;

-evitar se expressar em público;

-passar muito tempo sozinho;

-demonstrar grande insatisfação ao ir para escola (ou local em que os agressores frequentam);

-procurar não usar o celular ou computador perto de outros membros da família;

-chorar sem motivo aparente;

-perder o apetite;

-ter atitudes muito reativas;

-mostrar grande irritabilidade;

No caso do seu filho estar apresentando alguns desses indicativos, o primeiro passo é procurar conversar abertamente com ele, buscando entender o que está acontecendo.

Se mesmo assim ele continuar fechado, sem explicar o que está motivando suas ações, é válido acompanhar mais atentamente o que ele faz na internet. Assim, é possível descobrir se algum tipo de violência está acontecendo nesse ambiente.

Estar em contato direto com a escola também auxilia a entender melhor a dinâmica social em que a criança está inserida.